sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

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PURQUÊ?



Hoje ao sair do restaurante (sim, porque um Furra aposentado ganha bem e tem que almoçar condignamente) senti esta chuva miudinha a bater-me na face e ao mesmo tempo soaram-me restos de uma conversa alheia, da qual apenas decifrei um vago “porquê?”. Ora aí estavam os ingredientes necessários para alimentar a máquina do tempo que rapidamente me transportou para 1987, para um dia estranho em que o Grafiteiro se lembrou a mais a sua comandita de começar a dizer “porquê?” sem qualquer motivo que o justificasse. Abeiravam-se de um Instruendo e perguntavam: “Porquê?”, e como se o rapazito não respondesse, logo dois ou três se aproximavam e em coro desorganizado perguntavam: “Porquê?”. Como a brincadeira não surtia grande efeito, começaram a fazer variações sobre o tema dando entoações variadas à palavra, acentuando mais aqui e ali, ou colocando sons como bem lhes aprazia. Purkiêhe?, Prukê?, Punrquiê?. Pareciam um rebanho de cabras desesperadas.
Volvidos que são mais de vinte anos sobre estas tragédias humanas, cabe-me a mim denunciar às autoridades competentes estes verdadeiros genocídios mentais que dizimaram a boa disposição, matando tempo sem piedade.
Os culpados ao cadafalso!


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