sábado, 25 de outubro de 2008

Código Morsa

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Código Morsa


Se no UltraBar se cometeram atrocidades vergonhosas, também nós fizemos algumas, só que à nossa maneira, na nossa escala e à medida que o nosso tempo permitia aqui na Metrópole. Não enterramos ninguém com a cabeça de fora; quando enterrávamos, a cabeça também ficava dentro. Acontece que as pessoas envolvidas nas nossas atrocidades ainda estão vivas (mas pode ser que seja por pouco tempo) e assim sendo, torna-se proibitivo contar essas histórias porque mesmo com a omissão dos nomes torna-se muito fácil descobrir quem é quem. É mais prático ir às reuniões clandestinas das RE, porque lá tudo se esclarece, ainda que alguns mistérios só se resolvam com longas conversas que se arrastam ao longo de dez anos ou mais. Há um caso particularmente interessante que ao longo destes vinte anos ainda não foi devidamente esclarecido. E é precisamente sobre esse assunto que eu hoje não vou escrever. Toda a gente sabe muito bem do que se trata (e no fim foi a arrependida que lixou tudo…).

Outra forma segura de contar estas histórias manhosas é encriptar as palavras de forma a que só os peritos entendam o conteúdo da mensagem. Há uma história mais ou menos interessante de transferências de materiais que não pode aqui ser contada nem de forma subliminar. No entanto, novas técnicas introduzidas com o avanço das tecnologias digitais permitem agora ao público em geral o acesso a essa informação classificada. Vou hoje aqui e em primeira mão fazer uso dessa técnica para assim poder contar uma sucessão de factos sem causar danos aos intervenientes na acção. Apesar de terem passado vinte anos, é sempre bom tomar as devidas precauções.

Na altura em que resolvi contar as manhas todas à maçaricada como forma de penalizar gravemente o QP opressor que me estava a desprezar por se aproximar o fim do meu tempo (e sabe-se lá por que outros motivos), levei a furrielada de duas toneladas (2T) a um certo sítio para fazermos uma pilhagem generalizada.

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Havia na M de S uma porta que dava acesso à M V. Do outro lado havia um conjunto de S entre as quais uma com B a secar, uma com um M de um C e outra com diverso M da G. O M de C era demasiado pesado para levar dentro do saco e se calhar ia estorvar na minha casa e ainda acabaria por largar óleo na carpete e a minha mãe ia ficar toda chateada (e com razão) e por isso ficou lá, porque chatices já eu tinha que chegasse na minha vida “profissional” e não precisava de arranjar mais problemas para me coçar. As B deduzo que as fomos comendo de forma legal e correcta, a menos que as que andávamos a comer fossem outras; pouco importa. Quanto ao M da G foi o descalabro total. Acho que não ficou lá nada de nada. Só o caixote de papelão. O material foi dividido pacificamente entre todos os elementos do GAC (Grupo de Acção Cultural) e eu também trouxe a minha parte, embora já lá tivesse estado antes e já me tivesse abarbatado do que me interessava.

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Deduzimos que este local fosse um posto intermédio de obnubilação de materiais diversos, que não fazendo falta na origem e decorrido um certo tempo, passariam para a posse do obnubilador. O azar dele foi a curiosidade de um Furra irrequieto e curioso que não tendo nada para fazer se dedicava à descoberta de novas oportunidades de terrorismo generalizado.

Era assim que passávamos o tempo. E passava-mo-lo bem. Por lá passamos, o tempo passou e nós éramos uns passados. E agora, passados vinte anos, o passado não volta, mas nós voltamos lá e continuamos a recordar o que por lá passamos. E tu? Como tens passado? Tens passado? Conta-nos como foi, a ver se foi muito diferente do nosso (e morre de inveja…)



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