quarta-feira, 10 de setembro de 2008

20 ANOS DE LUTA SEM QUARTEL


Muitos de nós que valorosamente galgamos com muito custo a Serra de Montemuro e seus arredores, em perigos e guerras esganados, em busca de um simples ponto geográfico amarrado a uma estaca, ou tão somente ansiando o regresso ao nosso doce lar (onde muitos já não eram bem-vindos por força das alterações psico-somáticas e mutações penudianas sofridas), que vimos todos os nossos hábitos e aspecto modificados, impostos por uma ditadura brutal, que nos transformou em máquinas de matar sedentas de sangue e de vingar as frustrações alheias, fomos por fim abandonados à nossa sorte, sem cuidado nem protecção na selva canibal que é a sociedade civil. E tudo isto sem a adequada formação para a reintegração. Por estes motivos, sofremos um choque psicológico altamente destruidor a que os clínicos chamam SSPTT - Síndroma de Stress Pós Traumático de Tropa. E quem nos compensou das imensuráveis perdas? Sempre que questionamos a presente cadeia de comando sobre o aspecto económico desta injustiça social, esboçam um sorriso de alcatrão, maneiam a cabeça e por entre sussurros amedrontados lembram em tom jocoso que ainda temos um dia por ano para cumprir em Penude, como forma de descompressão. E o que é um dia em 365? Se descontarmos os fins-de-semana e os feriados podemos arredondar para 1/300, o que de forma alguma poderá ser considerado suficiente. Os que participam nos encontros da disciplina mestra da Humidade vêem a sua participação subir para 1/150 e os que por lá vão passando por ocasião do Natal, Páscoa e outras deslocações obrigatórias, ficam-se pelos 1/50. Um míseros cinquenta avos a zero chavos é muito pouco. O nosso subsídio? Além disso temos a denunciar a incúria dos instrutores actuais, pois nunca mais nos foi exigida a participação nas G.A.M., circuitos de avaliação e outras tarefas que enegrecem a pele (a muito custo) e que dignificam quem as executa. Convites para rastejar? Convites para treinar Canto Coral? Ordem Unida? Convites para Semanas de Campo? Prisioneiros de Guerra? Topográficas? Pistas? Tiro? P.U. à Régua? Amanuense ao Centro? Brutball? Escoltar capinadores à Quinta? Perseguir COIR’s? - Absolutamente nada!!! Só se preocupam em nos meter no bar e obrigar-nos a consumir para seu proveito comercial. Lamentavelmente, chegamos ao ponto de ter que denunciar à sociedade que nos rejeitou, estes comportamentos altamente reprováveis, até porque eles não se coíbem de lá estar connosco, sabe-se lá com que outras intenções. Dir-se-ia que nós é que lhes estamos a dar o tirocínio para quando eles se reformarem, estarem prontos para ingressar na vida civil de forma a exercerem em pleno as suas novas funções, que levarão a inconfundível marca das Rações Especiais – especialidade de que muito nos orgulhamos. Damos instrução de borla e até nisto somos comidos. O nosso subsídio? Todos estes motivos (e muitos outros), volvidos que são 20 anos da nossa evasão legal, começam agora a suscitar a ideia nos médicos das clínicas de desintoxicação militar que nos acolhem gratuitamente, de que a acumulação deste tipo de stress altamente destruidor do sistema nervoso central, irá provocar a breve trecho o colapso mental das nossas hostes. Precisamos pois de unidade para reivindicar a estabilidade a que temos direito, e de juntos fazermos ver ao Governo e aos que (acima) nele mandam, que fomos barbaramente lesados e que temos direito a um subsídio com efeitos de retroactividade a 1988, sem esquecer as respectivas diuturnidades e promoções por mérito e/ou cunha e a todas as regalias previstas nos decretos lei referentes às Sesmarias e ao Código de Conduta Militar actualmente em vigor. Face à conjuntura macroeconómica actual que tem sido desfavorável ao cumprimento das obrigações do Estado para com os cidadãos, podemos negociar parte da verba e mostrarmo-nos disponíveis para aceitar o parte do pagamento em géneros – a Direcção da A.R.E. aceita um Unimog Mercedes em bom estado (daqueles que se utilizavam para recolher o lixo), acrescido de vales de combustível e cartão de crédito para gastar nas bombas do CIRE, ou no paiol da C.A., e/ou pensão vitalícia de estadia e alimentação no CIRE, sem serviços nem impedimentos, com possibilidade de permutar fins-de-semana e férias noutras casas de reclusão à escolha (nacionais e internacionais). Que tal te parece o nosso caderno reivindicativo? Vale a pena lutar por este ideal? Claro que sim! Penude, 13 de Setembro de 2008 – grande manifestação para exigir tudo isto e muito mais.

Plano das actividades:

6ª feira 12 de Setembro de 2008:

Todo o dia – circum-navegação pelas diversas Instituições e Paisagens do CIRE, caves, tascas e talhos;

19:30 / 20:00h – Concentração das Forças em Parada no supramercado L’ Eletraque para aquisição de rações de combate; Apresentação dos cumprimentos ao Comandante General Fino no bar;

21.00h – Início das hostilidades na aldeia fantasma de Anta de Mazes com churrascos variados, bebidas espirituosas e conversas rafeiras de tropas ressabiados (o costume só que por outras palavras);

Sábado 13 do mesmo Setembro:

12:00 / 12:30h – Almoço debulhador na Gralheira, no Restaurante “Recanto dos Carvalhos” (temos uma sala só para nós, logo à entrada, do lado esquerdo);

15:00h – ataque surpresa a Penude, com a destruição maciça do Bar e consequentemente, da cagarota;

00:00 – O Encontro não tem hora prevista para o encerramento.

Um comentário:

Anônimo disse...

ReEEEEziiistooOOOOoouuu


REzISSSSttttOOOUUUUUU